Resumen

Habilidades visoespaciais têm sido apontadas como relevantes para o sucesso acadêmico, notadamente em matemática. No entanto, apesar da constatação da centralidade destas habilidades, ainda são escassas as pesquisas neste dominio. O presente estudo investigou a relação entre desempenho escolar em matemática e habilidades visoespaciais, a partir da consideração de duas condições clínicas comumente caracterizadas a partir de diferenças em termos da visoespacialidade, a saber, a epilepsia idiopática generalizada do tipo ausência, associada a graves déficits visoespaciais e, as altas habilidades no domínio intelectual, associadas a alto desempenho nestas tarefas. Foi realizado estudo multicasos do qual participaram oito crianças na faixa etária entre 9 e 11 anos, sendo quatro diagnosticadas com epilepsia e quatro com Altas Habilidades. Foram aplicados testes neuropsicológicos específicos para a avaliação da visoespacialidade, bem como instrumento de avaliação do desempenho em matemática desenvolvido para o estudo. Os resultados encontrados demonstram que o grupo de crianças com epilepsia foi caracterizado pelo baixo desempenho nos testes neuropsicológicos e no instrumento matemático, enquanto o grupo de crianças com altas habilidades apresentou desempenho superior à média em ambos os domínios. Habilidades visoespaciais têm sido apontadas como relevantes para o sucesso acadêmico, notadamente em matemática. No entanto, apesar da constatação da centralidade destas habilidades, ainda são escassas as pesquisas neste dominio. A análise clínica dos erros produzidos pelas crianças com epilepsia ilustra o lugar da dimensão visoespacial na execução de atividades matemáticas específicas. Vale ressaltar que o conhecimento acerca das diferentes formas de processamento da aritmética é central para a compreensão do ensino e aprendizagem da matemática em seus primórdios e para a educação especial.