O ensino do desenho no curso primário: uma investigação sobre as suas finalidades (século XIX e primeira metade do XX)
Tipo de documento
Autores
Lista de autores
Guimarães, Marcos Denilson
Resumen
Este artigo reúne resultados de uma pesquisa de doutorado que buscou investigar em perspectiva histórica que transformações sofreram as finalidades do ensino do desenho no curso primário, no período de 1829-1950. Usa como referenciais teóricos os estudos de Chervel (1990) para o entendimento de finalidades escolares; os estudos de Trouvé (2008, 2010) acerca da concepção do par elementar/rudimentar e os pressupostos advindos da história cultural de Chartier (1990). A partir da análise das fontes examinadas constatou-se que o ensino do desenho sempre exerceu presença importante como matéria deste curso. E que sua organização se deu de dois modos distintos: ora comportou-se sob a forma de elementos e ora sob uma base de rudimentos. Sob a forma de elementos, servia de acesso a saberes mais elaborados, cuja aprendizagem de conceitos abstratos e estritamente teóricos atrelava-se a um tipo especial de saber avançado, denominado geometria euclidiana. Encarado como rubrica de rudimentos (a partir de Rui Barbosa e em toda a primeira metade do século XX), o ensino do desenho passou a ser visto mais como um meio de articulação com a vida cotidiana, meio de habilitar as crianças para profissões futuras, desenvolver as suas faculdades intelectivas e motoras, promover a observação, educar o julgamento e desenvolver o seu sentido estético.
Fecha
2017
Tipo de fecha
Estado publicación
Términos clave
Currículo | Desde disciplinas académicas | Historia de la Educación Matemática
Enfoque
Nivel educativo
Idioma
Revisado por pares
Formato del archivo
Volumen
3
Número
3
Rango páginas (artículo)
204-225
ISSN
24476447
Referencias
Albuquerque, A. F. de P. I. C. (1829). Principios do Desenho Linear Comprehendendo os de Geometria Pratica pelo Methodo do Ensino Mutuo; extrahidos de L.B. Francoeur: dedicados aos amigos da instrução elementar no Brasil por A. F. de P. e Iollanda Cavalcanti d’Albuquerque. Rio de Janeiro: Imperial Typ. P. Plancher-Seignot.Disponível em:. Acesso em: 18 mar. 2016. Anuário do estado de São Paulo.(1907-1908). Publicação organizada pela Inspetoria Geral do Ensino por ordem do Governo do Estado. São Paulo: Typ. Augusto Siqueira & C.Barbosa, R. (1946). Reforma do Ensino Primário e várias Instituições Complementares da Instrução Pública. Obras Completas de Rui Barbosa. Vol. X. 1883, tomo II.Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde. Borges, A. C. (1882). Desenho Linear ou Elementos de Geometria Pratica Popularseguidos de algumas noções de Agrimensura, Stereometria e Architectura para uso das Escolas primarias e normaes, dos Lyceus e Collegios, dos Cursos de adultos, e em geral dos artistas e operarios em qualquer ramo de industria pelo Dr. Abilio Cesar Borges. Rio de Janeiro: Typ. Aillaud, Alves & Cia., 8ª. ed. Disponível em: . Acesso em: 18 mar. 2016. Castanha, A. P. (2013). Edição crítica da legislação educacional primária do Brasil Imperial:a legislação geral e complementar referente à Corte entre 1827 e 1889. Paraná: UNIOESTE-FB; Navegando Publicações. Chartier, R. (1990). A história cultural –entre práticas e representações.Lisboa: Difel; Rio de Janeiro: Bertrand Brasil S.A. Chervel, A. (1990). A história das disciplinas escolares –reflexões sobre um campo de pesquisa. Teoria & Educação, n. 2. Porto Alegre: Pannonica. D’Enfert, R. (2007). Uma nova forma de ensino de desenho na França no início do século XIX: o desenho linear. Tradução de Maria Helena Camara Bastos. História da Educação, ASPHE/FaE/UFPel, Peloras, n. 22, pp. 31-60, mai./ago. Disponível em: . Acesso em: 12 abr. 2017. D’Enfert, R (2016). O ensino do Desenho e a cultura gráfica na França nos séculos XIX e XX. Trad. Amanda Freire Rios e Takiko Nascimento. In: Trinchão, G. M. C. Desenho, ensino & Pesquisa. Salvador: EDUFBA; UEFS. Faria filho, L. M.; Vidal, D. G. (2000). Os tempos e os espaços escolares no processo de institucionalização da escola primária no Brasil. Revista Brasileira de Educação, n.14, mai./jun./ago. Frizzarini, C. R. B. (2014). Do ensino intuitivo para a escola ativa: os saberes geométricos nos programas do curso primário paulista. 160f. Dissertação (Mestrado em Educação e Saúde) –Universidade Federal de São Paulo, Guarulhos. Frizzarini, C. R. B. et al. (2014). Os saberes elementares matemáticos e os programas de ensino, São Paulo (1894-1950). In: Costa, D. A.; Valente, W. R. (Orgs.) Saberes elementares no curso primário: o que, como e por que ensinar? Estudos históricos comparativos a partir de documentação oficial escolar. 1ª ed. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2014, v.1, p. 191-227. Hofstetter, R. et al. (2013). Pénétrer dans la vérité de l’école pour la juger pièces en main. L’irrésistible institutionnalisation de l’expertise dans le champ pédagogique (XIXe. –XX siècles). Borgeaud et al(Orgs.). La fabrique des savoirs–figures et pratiques d’experts. Genève: Éditions Médicine et Hygiène. Leme da Silva, M. C. (2011). As matérias de Geometria e Desenho no primeiro programa dos Grupos Escolares Paulistas. Anais do 6o Encontro Luso-Brasileiro de História da Matemática.Natal: Sociedade Brasileira de História da Matemática, 2011. p. 657-676. Leme da Silva, M. C.(2014). Desenho e geometria na escola primária: um casamento duradouro que termina com separação litigiosa. História da Educação, v. 18, p. 61-73. Leme da Silva, M. C.(2016).Geometria para aprender desenho ou desenho para aprender geometria?In: Trinchão, G. M. C. (Org.). Desenho, ensino & pesquisa.Salvador: EDUFBA; UEFS. Lourenço Filho, M. B. (1930). Introdução ao Estudo da Escola Nova.São Paulo –Cayeiras –Rio: Companhia Melhoramentos de São Paulo. Mormul, N. M.; Machado, M. C. G. (2013). Rui Barbosa e a educação brasileira: os pareceres de 1882. Cadernos de História da Educação (UFU. Impresso), v. 12, p. 277-294. Pacheco, P. M. (1881). Curso Elementar de Desenho Linear.Rio de Janeiro: Imprensa Industrial. Disponível em: . Acesso em: 18 mar. 2016. Rio de Janeiro. (1851). Decreto n. 630, de17 de setembro de 1851. Autoriza o Governo para reformar o ensino primário e secundário do Município da Corte. Disponível em: . Acessoem: 11 out. 2016. Rio de Janeiro. (1854). Decreto n. 1331-A, de 17 de fevereiro de 1854. Aprova o regulamento para a reforma do ensino primário e secundário do Município da Corte. Disponível em: . Acesso em: 11 out. 2016. Rio de Janeiro. (1877). Decreto n. 6479, d 18 de janeiro de 1877.Manda executar e regulamento para as escolas públicas de Instrução primária do Município da Corte. Disponível em: . Acesso em: 11 out. 2016. Rio de Janeiro. (1879). Decreto n. 7247, de 19 de abril de 1879.Reforma o ensino Primário e Secundário no Município da Corte e o Superior em todo o Império. Disponível em: . Acesso em: 11 out. 2016. São Paulo. (1894). Decreto n.248, de 26 de julho de 1894.Aprova o regimento interno das escolas públicas. Disponível em: . Acesso em: 12 out. 2016. São Paulo. (1905). Decreto n. 1281, de 24 de abril de 1905.Aprova e manda observar o programa de ensino para as escolas modelo e para os grupos escolares. Disponível em: . Acesso em: 12 out. 2016. São Paulo. (1918). Decreto n. 2944, de 8 de agosto de 1918. Aprova o Regulamento para a execução da Lei n. 1579, de 19 de dezembro de 1917, que estabelece diversas disposições sobre a Instrução Pública do Estado. Disponível em: . Acesso em: 15 nov. 2016. São Paulo. (19210. Decreto n. 3356, de 31 de maio de 1921.Regulamenta a Lei n. 1750, de 8 de dezembro de 1920, que reforma a Instrução Pública. Disponível em: . Acesso em: 20 nov. 2016. SãoPaulo.(1951). Programa para o Ensino Primário Fundamental. Aton. 65 de 29 de agosto de 1950. Secretaria de Estado dos Negócios da Educação. Disponível em:. Acesso em: 12 nov. 2016. Secretaria dos negócios da educação e saúde pública. (1941). Programa de ensino para as escolas primárias (Anexo –Programa Mínimo para o curso primário). São Paulo: Serviço Técnico de Publicidade. Disponível em: . Acesso em: 20 nov. 2016. Shieh, C. L. (2010). O que ensinar nas diferentes escolas públicas primárias: um estudo sobre os programas de ensino (1877-1929). 2010. 184 f. Dissertação (Mestrado) –Curso de História da Educação, Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo. Souza, R. F. (2009). Alicerces da Pátria: História da escola primária no estado de São Paulo (1890-1976). Campinas, SP: Mercado de Letras, 2009. Programa de 1925. (1941). Secretaria dos Negócios da Educação e Saúde Pública. Programa de ensino para as escolas primárias (Anexo –Programa Mínimo para o curso primário). São Paulo: Serviço Técnico de Publicidade. Disponível em: . Acesso em: 20 nov. 2016. Trinchão. G. M. C. (2008). O desenho como objeto de ensino: história de uma disciplina a partir dos livros didáticos luso-brasileiros oitocentistas. Tese (Doutorado em Educação), RS: Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade do Vale do Rio dos Sinos/UNISINOS, 2008. Thompson, O. (1896). O uso dos modelos. Guia do Professor para O estudo de Fórma e Desenho nas Escholas Primarias. In: Revista A Eschola Publica. São Paulo, SP: Typ. da Industrial de São Paulo, ano 1, n. 1, mar. Disponível em: . Acesso em 15 set. 2015. Tolosa, B. M. (1893). Primeiras lições de desenho. In: Revista A Eschola Publica. São Paulo, SP: Typ. Hennies e Winiger, vol. 1, n. 1, jul. Disponível em: . Acesso em: 12 ago. 2015. Tolosa, B. M. (1894a). Revista A Eschola Publica. São Paulo, SP: Typ. Hennies Irmãos, vol. 1, n. 6, jan. Disponível em: . Acesso em: 28 ago. 2015. Tolosa, B. M. (1894b).Revista A Eschola Publica. São Paulo, SP: Typ. Hennies Irmãos, vol. 1, n. 9, abr. Disponível em: . Acesso em: 28 ago. 2015. Tolosa, B. M. (1894c).Revista A Eschola Publica.São Paulo, SP: Typ. Hennies Irmãos, vol. 1, n. 10, mai. Disponível em: . Acesso em: 28 ago. 2015. Trouvé, A. (2008). La notion de savoir élémentaire à l’école:doctrines et enjeux. Paris: L’Harmattan, 2008. Trouvé, A.(2010).Penser l’élémentaire: la fin du savoir élémentaire à l’école?(2010). Paris: L’Harmattan, 2010. Valdemarin, V. T. (2004). Estudando as lições de coisas. 1ª. ed. Campinas: Autores Associados, 2004. Valente, W. R.(2016). A matemática nos primeiros anos escolares: elementos ou rudimentos? In: História da Educação, v. 20, p. 33-47, 2016. Vidal, D. G. (2006). Tecendo história (e recriando memória) da escola primária e da infância no Brasil: os grupos escolares em foco. In: Vidal, D. G. (Org.). Grupos Escolares: cultura escolar primária e escolarização da infância no Brasil (1893-1971). Campinas: Mercado de Letras.